Filhos, por que tê-los?

Publicado: 18 de maio de 2011 por Kzuza em Comportamento, Relacionamento
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Minha mãe sempre diz uma frase estranha: “Filhos, pra que tê-los? Mas se não tê-los, como sabê-los? E se tê-los, onde metê-los?”. Acho que é mais ou menos isso.

Não tenho filhos. Ainda. Por 2 motivos simples: a Dona Juliana não é nada adepta dessa história de ser mãe, e eu também não me julgo pronto nesse momento. Mas um dia eu sei que terei.

Portanto, deixo a tarefa da procriação para aqueles mais capazes. Ou para aqueles que se julgam capazes de terem filhos.

Eu explico.

Cara, fazer filho é a coisa mais fácil do mundo. E a mais gostosa! Todo mundo deveria treinar. Mas fazer gol no treino, como diria meu amigo Ricardo Martins, é bem mais complicado. Porque é bem fácil pensar naquele bebezinho bonitinho, cheirando talco, fofinho. Difícil é pensar em como criá-lo para o mundo. E é aí que muita gente não é capaz.

Antigamente, a tarefa de se “criar” os filhos cabia somente aos pais. Vou te contar que conheço inúmeros pais que foram extremamente felizes nessa empreitada. Sério mesmo. Conheço uma cacetada, dentro e fora da minha família. Pais que criaram verdadeiros exemplos! Pessoas que sabem viver em sociedade. Que se levantam quando tomam uma cacetada na cabeça. Que entendem o cotidiano, que sabem o que é trabalhar, que sabem ralar para conseguir suas coisas.

Mas, sinceramente, hoje em dia é cada vez mais raro encontrar pais como esses de antigamente.

Os pais de hoje não querem mais assumir a bomba que é criar um filho. Sim, porque eu acho que é uma bomba. É uma tarefa de extrema responsabilidade e dificílima! Mas os pais não querem isso sozinhos não. Querem dividir a responsabilidade com a escola, com a sociedade, com psicólogos, especialistas, pediatras, etc. Sim, esses sim devem resolver os problemas, e não eles, pobres pais. Eles, que só marcaram um gol no treino, não é mesmo?

Cada vez mais vejo os pais querendo resolver os problemas dos seus filhos com ajuda externa, quando na vedade se esquecem que a solução para tudo está dentro da própria casa, no ventre da família. Canso de ver gente (homens e mulheres) que não consegue impôr sua autoridade de pai/mãe e sofre com isso. Que história é essa, meu camarada?

Voltando àqueles pais de antigamente que eu comentei aqui, tente lembrar de uma coisa: quem eram os caras que você mais respeitava quando era criança? Eu não preciso nem responder aqui porque você sabe. Na minha vida, sempre foi assim: manda quem pode, obedece quem tem juízo. E se eu não tivesse juízo, o bicho pegava. Aliás, com todo mundo que eu converso hoje, pessoas da minha idade ou mais velhas, a história é semelhante. E estamos todos vivos e bem.

Hoje em dia, o que rola, normalmente? Bem, você sabe melhor do que eu. A chinela não canta mais pra ninguém. E quando eu falo em chinela cantar, não entenda como surra. Eu nunca tomei uma surra na vida, mas sei muito bem quais eram as consequências das minhas malcriações de criança.

A molecada de hoje em dia, em geral, deita e rola. Eu canso de ver pais desesperados, sem saber o que fazer com crianças xiliquentas, malcriadas. E quando os pais não sabem mais o que fazem, a solução hoje em dia é geralmente atender ao que os filhos desejam. Sim, fazem tudo o que as crianças querem. Para não ouvir um choro. Para não se indispor. Os pais têm medo dos filhos, e não o contrário, como era antigamente. E começam a superproteger as suas crias.

Ninguém pode encostar nas suas crianças. Eles as afastam de qualquer tipo de perigo. Evitam a qualquer custo que reprovem de ano na escola. Têm medo do bullying. Se a criança/adolescente é revoltada, correm direto para o psicólogo. Culpam a escola pelas notas baixas de seus filhos.

Falando sério, quem os pais pensam que estão mudando com esse tipo de comportamento: os filhos ou o mundo? É óbvio que são os filhos. O mundão continua o mesmo aí fora, camarada. E querendo ou não, teu filho vai cair nele uma hora. Você acha que ele vai estar preparado?

Vi um vídeo do Cauê Moura no canal Desce a Letra, no Youtube, onde ele pergunta assim: “Você não acha que está na hora de deixar a seleção natural agir por conta própria sobre seu filho?”.

É exatamente o que eu penso. Não acho que você deve deixar seu filho se matar, ou ser atropelado por um caminhão, ou cair de um prédio. Não. Mas você não acha que já passou da hora de deixar seu filho se foder um pouco pra começar a entender as consequências das coisas erradas que faz?

comentários
  1. Fabi disse:

    Amei o post Zuza…
    Nao me considero a melhor mae do mundo, mas concordo contigo e com o kbeça…. Educação de antigamente eh a melhor…
    Uma vez dei uns tapas na Carol e ela me respondeu “O mae eu vou te denunciar na policia, nao pode bater em crianca…”…… Respirei fundo e disse: “voce quer ligar ou ir ateh a policia???? Vamos q eu te levo… Pq falta de respeito e malcriacao eu nao admito….. Vou presa sem problemas, mas voce vai aprender a ter respeito pelos outros “…
    Nao sou a favor da educacao de hj em dia…..
    Pra mim a culpa eh sempre da minha filha (em primeiro lugar) ….. Ateh q me provem o contrario…

    Ai desculpa escrevi demais….

    Amei o post.

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  2. Kiara disse:

    Cara você me deixou desconcertada, tive uma filha a mais ou menos um ano e nunca parei para pensar desta forma (me senti incapaz de cria la) concordo com vc em alguns pontos e discordo de outros mais vamos confiar e torcer.

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  3. Kbça disse:

    Passei por uma situação interessante há alguns anos atrás. Estávamos eu, D. Tatá e a Thais num shopping, e a Thais fez graça (na época ela ainda era criança) na escada rolante. D. Tatá tem pavor de escada rolante, pq a filha de um conhecido dela se estrepou toda numa dessas, quase chegando a óbito, justamente fazendo graça.
    D. Tatá pediu mais de uma vez pra que ela parasse. Diante da falta de resultados, partiu pra ação: deu umas 3 palmadas na bunda da Thais, no meio do shopping.
    Imediatamente as pessoas começaram a olhar com cara de “que absurdo”, mas não demos bola e seguimos pro estacionamento.
    No guichê para pagar o estacionamento, uma mulher nos abordou dizendo ser assistente social, que assistiu a cena e que queria levar-nos pra delegacia. A abordagem dela foi como se a gente tivesse torturado a menina, inclusive perguntando pra Thais coisas quase como “sua mãe te espanca sempre ? vc tem medo dela ?” e tudo o mais.
    Só que não somos assim tão fáceis de assustar, e depois de uma lição de moral na mulher, fomos embora.
    Esse é nosso mundo atual. Como diria o José Simão, estão “tucanando” tudo. Zoação agora é bullying, chinelada agora é abuso contra menores, professor que reprova aluno é perseguidor e mau caráter, desenho animado não tem mais sacanagem (o Luiz adora o Pica-Pau), querem “tucanar” até o Rock n’ Roll. Restart que o diga.
    Remo contra a maré. Educação pra mim é a moda antiga. Diálogo sim, deixar fazer tudo o que quer, nunca.
    Foi mal ae o comentário comprido, mas…

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  4. Nina disse:

    É isso ai! Sem mais.

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